Comorbidade é um termo usado para descrever a ocorrência simultânea de dois ou mais problemas de saúde em um mesmo indivíduo. Esse é um fenômeno freqüente na prática clínica, e sua identificação é um fator importante que afeta tanto o prognóstico dos pacientes como a conduta terapêutica do médico. Os estudos epidemiológicos realizados em crianças portadoras de TDAH documentam uma incidência elevada de distúrbios psiquiátricos comórbidos (Rohde et al, 1999) incluindo Transtornos Disruptivos de Comportamento (Transtorno Opositivo Desafiador, Transtorno de Conduta, Transtorno de Personalidade Anti-social): 30 a 50% (Biederman 1991); Transtorno de Aprendizagem Escolar: 20 a 80%; Transtorno de Ansiedade: 8 a 30% (Biederman 1991); Transtorno do Humor: 15% e 75% (Biederman 2005), e Transtorno de Tics: 3.5 a 17% (Souza 2003).
Além desses, outros transtornos também são observados com alguma frequência como, por exemplo o transtorno alimentar que pode surgir para dar conta da compulsão que acomete a maioria dos portadores de TDAH. A inquietação da pessoa com o transtorno pode, por muitas vezes, ser aliviada através das "beliscadas" ou dos "assaltos a geladeira". A pessoa passa a comer tendo fome ou não, tornando-se obeso, sobrecarregando seu sistema digestivo e gastrointestinal, o que por conseguinte pode comprometer sua auto-estima e ainda levar a desenvolver transtornos como Bulimia. Outro transtorno bastante comum em pacientes TDAH é o de fobia geralmente incitado pelo medo de cometer gafes, ser críticado, ridicularizado, por dificuldade com a linguagem, os famosos "brancos", esquecimentos, enfim, por situações que o exponha de maneira negativa. A exemplo da fobia social que consiste num medo imenso de estabelecer relações sociais, falar em public etc. Além das fobias sociais casos de fobias por situações e/ou objetos também são frequentemente relatadas como: medo de avião, elevador, tempestade, sangue ou até mesmo de animais domésticos.
Dessa forma, faz-se necessário apontar que o TDAH com comorbidades pode trazer expectativas mais negativas com relação ao prognóstico, e que o tratamento adequado tão logo seja percebido os sintomas do transtorno, podem colaborar muito para que esse prognóstico se torne mais positivo.