Conte sua história

    Dê seu depoimento ou conte uma história sobre o que se passou na sua vida devido ao TDAH.

    Antes tarde do que nunca

    Texto por Jane Barbieri

    Olá! Antes tarde do que nunca não é assim? Aos 41 anos estou tentando me conhecer mais, Graças a esse anjo chamado Viviane, só agora estou me dando conta que nunca agi igual minhas amigas, muito mas muito mais sensível, sentindo as coisas com muito mais intensidade, parecendo ver mas pessoas o que meus familiares e amigos não viam!

    Bom tenho muitas historias:

    - Estar indo para determinado lugar e ter que parar o carro porque não lembrava onde estava indo.
    - Ir comprar pão com o dinheiro na mão, ao entrar na padaria ficar prestando atenção na conversa (interessante e claro) das pessoas que ali estavam e esperando minha vez rasgar a nota em pedacinhos.
    - Ficar a semana inteira lembrando da reunião na escola, e no dia simplesmente esquecer.
    - Esquecer o aniversário da mãe.
    - Quando perguntada: Qual a data do seu aniversário? E eu ter que pensar, porque esqueci completamente.
    - Estudar muito para determinada prova e chegar na hora, não lembrar absolutamente nada.
    - Pegar um filme pra ver duas, três vezes.
    - Guardar a escova de cabelo dentro da geladeira, e ficar procurando por horas.

    Quando se leva uma vida que parece ter gerado mais crítica que elogios, a gente às vezes esquece do que temos de bom.


    Minha vida mudou depois que me apaixonei por um portador de TDAH

    Texto por Vanessa

    Há 01 ano e 05 meses, tenho um relacionamento com essa pessoa especial.

    No iníco foi tudo comum como qualquer inicio de namoro: muita paixão, encontros românticos, companherismo e atenção voltada para o nosso namoro. Ao passar dos meses eu fui conhecendo melhor a minha "caixinha de surpresas", foram muitos términos, muitas brigas, atenção voltada 100% para o trabalho, muito sentimento de abandono. Tinha duas opções, uma era tentar entender e a outra deixar o amor da minha vida ir embora em uma das crises de impulsividade. Dizer que é fácil...isso não é, é uma briga interna diária. Principalmente por pressão externa, minha família e meus amigos não entendem porque eu continuo nessa e sinceramente já me questionei diversas vezes.

    Hoje ele inicou o tratamento, passa pelas consultas mas por enquanto não toma medicamentos. Acredito que as crises vão amenizar e isso me incentiva a continuar acreditando que meu amor é maior que qualquer outra coisa.


    Denis, Professor Pardal ou o Pimentinha?

    Texto por Denis Godoy

    Tenho 27 anos e a três descobri que tenho o transtorno.

    Hoje, sou casado e minha esposa, sabendo de meu problema, faz de tudo para me ajudar. Tem dias que queria não acordar, pois na maioria deles, nem dormir consigo. Sou atrapalhado quando estou nervoso, fico nervoso por pensar em cometer alguma trapalhada. Perdi várias oportunidades em minha vida por ser assim e só de saber que não é por querer e que tenho uma resposta já me sinto melhor. Sou meio que Prof. Pardal, fico o tempo todo com idéias para facilitar a vida das pessoas, o problema é que na grande maioria, não saem do papel. Por estes dias vi um invento na tevê, o qual, já havia pensado quando menino, mas nunca tive coragem de tirá-lo do papel. Foi decepcionante!

    Sou poeta, as vezes sou escritor, as vezes pintor, escultor, mecânico, eletricista e varias outras coisas. Tudo acontece muito rápido na minha cabeça, tudo parece tão claro, tudo parece tão obscuro. Sou capaz de entender, sem explicação, o funcioanemnto de máquinas complexas e não sou capaz de falar sobre coisas tolas com um colega. Não sou capaz de chorar com a morte de um ente querido, mas rolam as lágrimas em um filme que fala de honra ou coragem.

    Nunca encontrei alguém como eu, gostaria de saber com vivem e se é difícil manter algo como faculdade ou algum esporte até o fim.

    Gostei de ler o que escrevem neste site, ajuda muita gente como eu a não se sentir só. Bem, vou parar por aqui, pois já estou entrando em parafuso e as teclas do computador parecem ser poucas para tantos pensamentos.

    Meu nome é Denis imagina quantos me chamam de pimentinha?


    Socorro, o TDAH não me larga"

    Texto por Sabrina Pral

    Oi, eu tenho 23 anos e acabei de descobrir que sou tdah!

    Assim que me identifiquei com ele fiquei feliz por começar a acreditar que pelo menos uma parte das besteiras que eu faço na vida não são realmente minha culpa. Mas também muito triste porque afinal, como eu me livro desse trem? Estou fazendo terapia há um mês, mas acho que meu pscicólogo não acredita em mim. Eu não sei se quero ir a um psiquiatra pra ele me dar remédio, pra me robotizar!

    Eu adoro não ser como as outras pessoas, adoro viajar pelo mundo da lua, de jupiter, da nebulosa de Orion! Mas o fato é que eu estou aqui, na Terra e tenho uma vida e uma faculdade pra sustentar!

    Bom pessoal, obrigada!
    As experiências que eu li nesse site me ajudaram a me sentir menos ET nesse mundo!
    Um abraço a todos!


    Eu sou igual ao meu filho ou ele que é igual a mim?

    Texto por Fran Zanato

    Aos 34 anos, resolvi tratar o que sempre imaginava não ser normal, tinha que ter uma explicação meu Deus!

    Através do diagnóstico, porém nem tão tardio do meu filho mais velho de 18 anos, ouvindo suas conclusões sobre seus sintomas, percebi que eu era igualzinha a ele (ou ele a mim, já que pode ser hereditário) e numa explosão de alegria me vi curada antes mesmo de ir ao médico. Ele estava bem e muito feliz com os resultados do tratamento... era minha chance também!

    Vou falar aqui sobre algumas ocasiões como se fossem meus sintomas em uma consulta,ok?

    - Já procurei meu filho ao atravessar a rua movimentada e ele estava em meus braços! (Desespero total! Me interna!)
    - Já fui a três lugares por mais de três vezes, NA CHUVA E SEM SOMBRINHA, procurar um objeto que EU havia guardado na bolsa em um lugar MAIS FÁCIL de encontrar justamente para não ter este tipo de problema! (affff)
    - Já comecei minha faculdade por 6 (seis) vezes em cursos totalmente distintos como administração pública e moda - não terminei nenhuma(ainda)
    - Ler nem pensar! Nem foto legenda!
    - Um copo de água, para um de meus filhos por exemplo, era fatal eu tomá-la antes mesmo de ter terminado de encher o copo, e nem me tocava de que NÃO ERA PRA MIM, POXA VIDA!
    - Caderneta pra me organizar? O que é isso? É de qual galáxia mesmo?

    Enfim, histórias tenho desde meus 12 anos, mas agora, quero da proxima vez, contar como estou bem, mais feliz e sem aquela culpa de viver NO MUNDO DA LUA!

    Fico mais feliz ainda pelos meus 2 filhos de 18 e 10 anos que já estão diagnosticados e tratados, assim, serão com certeza pessoas mais seguras e realizadas!

    Bola pra frente!


    O que será do meu futuro?

    Texto por Luiz Guilherme

    Por mais dificil que seja me concentrar nesse texto, vou contar um pouco da minha vida podendo escrever coisas sem nexo devido a distração.

    Sempre fui um garoto agitado, bagunceiro, adorava brincar e nunca parei quieto na sala de aula. Uma vez uma professora minha me falou que eu não seria ninguém se não trabalhasse para o meu pai e isso me dexou muito chateado.Reprovei a 5a., 6a. e 7a. séries e hoje curso supletivo, trabalho na área de direito com meu pai e vejo que minha vida não tem sentido nenhum.

    Não consigo ficar parado 5 minutos em uma cadeira ou sair para fazer as coisas para ele sem me estressar, pois sou muito irritado e estressado como qualquer TDAH. Chegou uma época que comecei usar maconha e eu sempre era o que mais pirava por ter tdah, vi minha vida afudando, pensei em me matar várias vezes, já até tentei me enforcar... Mas parei com a maconha e fiquei viciado em cigarro, pois isso é a unica coisa que me acalma e tira a merda da bateção de pernas que eu tenho, que começa me deixar louco e faz minha concentração dimiuir rapidamente.

    Hoje parei de fumar e tento fazer o máximo de mim. Uso ritalina e modafinil, igualo os dois para ser mais concentrado que um ser humano normal para render no trabalho, e quando os remédios pararem o efeito, como vai ser? O que vai ser no meu futuro? Já estou velho e nao fiz ensino medio? Minha familia sempre foi de pessoas ricas e estudiosas nas faculdades, levando premios, e eu nessa vida medíocre? Tento até hoje uma terapia mas nunca encontrei alguem que me entenda.


    A ponte

    Texto por Bruna Terras

    Sempre me achei diferente dos meus outros colegas de classe. Nunca me achei uma pessoa burra, mas a minha imaginação sempre foi um pouco além do limite considerado "normal". Muito tagarela e desligada, fiquei de recuperação, apoio e DPs todos os anos (desde a 1a. série até o 3o.colegial), o engraçado é que mesmo o meu nome estando em conselho, todo ano eu fui passando de ano porque os professores de recuperação mostravam meu ótimo desempenho, enquanto os outros achavam que eu mostrava desinteresse.

    Diz a minha mãe que quando eu estava na pré escola eu gostava de fazer um "Tour" pela escola e ninguém me achava. Provavelmente eu estava na sala do "Achados e perdidos", porque cada dia era um material novo que eu trazia para casa, mas nunca o meu.

    Na 4a. série, quando fui aprender troca de sinais mais/menos multiplicação/divisão...a professora inventou um "Método" de aprendizagem mais rápido, pra todos menos pra mim, chamado de "A PONTE". Ela dizia quando "passa pela ponte" o mais vira. Para mim, a ponte era um portal para o mundo da imaginação. Advinha a única matéria que eu me dei bem? Filosofia!


    Só queria um copo de água

    Texto por Carolina Landim

    Tenho várias histórias, mas essa é demais... Com sede, coloquei o copo debaixo do filtro, e abri a torneira. Bebi um copo de água e queria mais, quando olhei o filtro para abrir a torneira novamente, percebi que não havia fechado.. a pia estava quase transbordando!


    Furacão de pensamentos

    Texto por Evelina Maia

    Eu me sinto um corpo velho e cansado tentando encaixar quadrado em círculos. Quando criança, eu era do tipo que vestia as bonecas com vestido de baile, quando (na brincadeira) elas iriam ao shopping. Uma criança normal pensaria em colocar uma roupinha simples, mas eu pensava que se aquilo era uma brincadeira eu poderia vestir a minha boneca do jeito que eu bem entendesse (é claro!!), por pura diversão. Se por um lado eu me admiro muito por ser diferente, autêntica, até mesmo inteligente acima da média, essa mesma originalidade me torna uma desajustada.

    A minha hiperatividade é mental, eu sou um furacão de pensamentos, por vezes sensíveis, humanistas, mas são pensamentos que chegam arrasando, sem pedir licença, à mentalidade de pessoas normais. Para conviver comigo é preciso uma certa dose de auto-confiança e abertura para conviver com a diferença e o inusitado.

    Descobri a pouco tempo que tenho TDAH e estou num impasse muito grande, não sei se tomo a bendita ritalina (sendo que já faço terapia a muito anos) ou se me adapto ao mundo com minhas limitações. Confesso que precisar de uma droga para sobreviver no planeta (me adaptando a um emprego formal e cumprindo às expectativas de normalidade dos outros) me traria uma enorme mágoa de mim mesma e do mundo. Afinal, o que eu gostaria mesmo é que houvesse espaço para mim, do jeito que eu sou, com minhas limitações e potencialidades.


    Pau que nasce torto se endireita sim

    Texto por Ina Silveira

    Hoje tenho 23 anos e faz cinco anos que eu descobri o meu TDAH. Devido um estresse mental eu comecei a ter sérios problemas de saúde, mas minha familia achava que tudo era frescura e que eu desmaiava por não comer e por querer ficar igual aquelas modelos.

    Meu sofrimento aumentou quando eu entrei na escola, porque eu era sempre a pior aluna da escola toda e assim fui crescendo. Por estudar em colégio particular me encaminharam para uma psicóloga que fiquei em terapia durante oito anos e nunca descobriu nada. Fui parar no psiquiatra com 18 anos, flor da idade, querendo passar no vestibular e conhecer o mundo, mas da noite para o dia comecei a tomar quatro remédios. A Ritalina não fazia efeito então tive que ir para outra medicação importada, na época era um salario mínimo de hoje, e com apoio psicológico a escola percebeu que teria que ter um diferencial comigo. Ufa, até que enfim as coisas mudaram. Se eu tivesse que continuar minha vida com a minha cabeça do jeito que era, não aguentaria estar viva hoje. Tive muita rejeição ao medicamentos, pois não tomava remédios nem para dor de cabeca, ai com 18 anos ter que tomar quatro "faixa preta", não dava.

    Mas o tempo passou e hoje posso dizer "PAU QUE NASCE TORTO SE ENDIREITA SIM", sou a prova viva disso, continuo com medicamentos mas já saí da fase crítica. Hoje tomo homeopatias, tenho uma equipe maravilhosa, que são: minha família, minha psicóloga, psiquiatra e fonoaudióloga.

    Entrei na universidade e são pessoas maravilhosas que entendem e compreendem. Tenho provas diferencias, por exemplo: prova oral, devido a minha dificuldade na escrita. Hoje tenho um namorado que acompanha e tem contato direto com meus médicos para me apoiar e também compreender melhor meus altos e baixos. Agraco a Deus por ter me dado uma segunda chance de ver o mundo de forma diferente!


    Acho que estourou um cano na sua casa

    Texto por Fernanda Toniolo

    Começou na época da escola, vivia fora da casa, as professoras falando e eu vivia olhando para o teto, porta, janelas,ou desenhando sem parar na classe ou nas folhas de fundo dos cadernos. E a professora desgraçada, percebia que eu estava no fantástico mundo de bob e fazia perguntas para mim. Eu nem sabia onde eu tava. Acordava nesse momento com um "que? onde? como?". Ficava uma pimenta de tanta vergonha e medo, ai começou a chamar os pais, ir ao medico para ver se eu era surda, se eu tinha problema de visão, psicóloga e tal. Sempre tirava notas baixas, era o motivo de risada dos coleguinhas, mas como nessa época, uns 25 anos atras e eu morava no interior ainda, nem se falava em TDAH. Então cresci com dificuldades de estudo, relacionamentos, etc.

    Cresci sempre com um comportamento diferente, por exemplo a morte de uma pulga já era motivo para entrar em depressao, baixa tolerancia a frustraçao, sempre super sensivel. Quando caminho na rua tenho que me controlar porque não tenho paciência e acabo correndo com bolsa e tudo... quem vê diz "Essa ta fugindo do hospicio".

    Quando assisto televisão faço uma mega maratona. Cada propaganda ou parte chata do filme eu levanto, tomo água, vou na janela, na sacada, olhar no espelho. Ficar parado é uma tortura. Quando me dou conta já estou em outra lugar da casa e esqueci que tava assistindo algo.

    Já aconteceu de eu estar lavando louça e de repente perder a esponja e eu ter que parar de lavar, porque eu perco a esponja mesmo, não sei como, acho que ela tem pernas. O controle remoto também, demoro meia hora para ligar algo porque nunca encontro. Uma vez encontrei em baixo da cama, como foi parar la eu não faço idéia, devem ter pernas mesmo porque moro sozinha e ninguém entra aqui. Por inúmeras vezes, eu estou na metade do caminho, dirigindo, alto som no carro, derepente falo "Para tudo" e penso: Será que desliguei a panela? Será que desligei o forno? Será que fechei a torneira?

    Ah, a torneira essa sim, uma vez penteei os meus lindos cabelos e caiu cabelo no ralo, escovei os dentes e fui trabalhar, fiquei umas 4 horas fora, quando chego no condomínio o porteiro falou "acho que estourou um cano na sua casa", nem deixei ele concluir, fui a mil. O corredor do prédio estava todo molhado, escorrendo água pela escada, aliás tinha uma cachoeira na escada. Quando entrei em casa vi que tinha a deixado a torneira aberta entupida pelo chumaço de cabelo. Cruzes! Que trabalhao! E ainda entrou água no apartamento de alguns vizinhos, molhou tapetes... Os vizinhos já queriam que eu pagasse condomínio para eles. A água já estava quase nas tomadas, um horror. Nem queiram imaginar o trabalhao que tive. Minha cadela toda encharcada e assustada, coitadinha.

    Enfim, descobri o TDAH com 27 anos. Hoje faço tratamento e melhorei uns 70%, mas mesmo assim volta e meia dou uma vacilada...e daquelas...


    Minha vida bagunçada

    Texto por Marcia

    Eu tenho mil histórias e trapalhadas ao longo da minha vida, só fui diagnosticada aos 22 anos, até então eu pensava que eu era distraída, preguiçosa... Por exemplo, uma vez tinha tanta bagunça na minha cama que dormi um mês no chão porque eu não conseguia arrumar, sempre ficava enrolando e não terminava. Só consegui arrumar com ajuda.

    Eu rio dos meus problemas, mas na hora é bem trágico, você querer fazer algo e simplesmente não conseguir. Todo mundo dizia que quando eu tivesse minha casa, eu deixaria ela organizada, que eu só bagunçava porque sabia que tinha minha mãe pra arrumar. Eu saí da casa dos meus pais há 6 anos, e minha casa é o lugar mais bagunçado que já conheci. Parece "casa de solteirão", com caixas pizza e garrafas vazias jogadas pelo chão. Roupas fora do lugar, gavetas bagunçadas, etc. Ninguém nunca me disse diretamente, mas sei que minha família não me visita em casa porque raramente tem onde sentar (o sofá eh cheio de bagunça) e eu nunca tenho comida pra oferecer (eu só lembro de comprar comida quando da fome, e se eu compro antes, acaba estragando porque eu esqueço de comer).

    Por mais caótica que minha vida seja, eu sempre consegui lidar razoavelmente bem com isso. Sou muito responsável, eu me obrigo a manter as contas em dia, guardo meus documentos sempre na mesma gaveta, quase nunca esqueço de tomar meus remédios e estou sempre pensando em formas mais fáceis de fazer as coisas do dia a dia.

    Eu trabalho com muita burocracia e tenho um cargo que mexe com dinheiro e que exige bastante responsabilidade. Como sei dos meus problemas, eu faço e refaço meu trabalho diversas vezes antes de entregar, e graças a minha cautela eu nunca me meti em grandes confusões. Eu faço listas de afazeres todos os dias quando chego de manhã no trabalho, senão eu passo o dia na internet vendo meus e-mails e deixo passar os prazos. Criei diversas listas e controles para não me perder, e isso tem me ajudado e também a outras pessoas que trabalham comigo. Minha única sorte é que sou muito rápida em tudo que faço (também porque não tenho muita paciência em ficar muito tempo na mesma atividade), então acabo não me prejudicando com essa extrema cautela que tenho.

    Uma das minhas grandes frustações era saber que não conseguiria cursar uma faculdade, pois como comorbidade tenho muito sono e preciso dormir mais de 10 horas por dia. Alias, foi através desse sono absurdo que descobri o TDAH. E como trabalho, não tenho "tempo hábil" para frequentar um curso presencial. Muita gente me acha preguiçosa, folgada, por causa disso, mas eu tenho consciência dos meus limites e tento não ligar para que os outros falam.

    Hoje faço faculdade à distância online, foi a única forma que achei de estudar, pois assisto ás aulas que são gravadas quando estou mais disposta, como de madrugada e de fim de semana, e boa parte do material é escrito e como leio rápido, ocupo pouco tempo do meu dia. Apenas as provas são presenciais, e eu consigo me concentrar eventualmente para fazer uma prova, por exemplo. Mas se eu tivesse que me concentrar diariamente em assistir um professor, eu fico exausta física e mentalmente. Sem contar que na maioria das vezes eu durmo sem perceber e sem controle disso, e acho falta de respeito com o professor dormir enquanto ele está la falando.

    Ainda tenho muito que aprender e controlar na minha vida, gostaria de ter uma casa mais organizada, mas minha luta diária para manter as coisas essenciais em ordem toma boa parte da minha disposição.


    Leva o lixo e não esquece a tampa do radiador

    Texto por Heliane Cornachini

    Essa historia de TDAH sempre atrapalhou muito minha vida, esquecia de provas na escola, minha mãe mandava eu por o lixo pra fora, eu entrava dentro do carro do meu pai e ia embora, só então na porta da escola me dava conta de estar com o saco cheio de lixo no colo! Um horror!

    Hoje em dia, já adulta, esqueco-me de pagar contas, não consigo me concentrar em uma coisa só. Por exemplo, uma das últimas ocorreu em um dia em que fui sair com o carro e o painel acusou falta de água no radiador, coloquei então a água e não fechei a tampa do radiador e saí com o carro. Conclusão a água evaporou e o carro começou a esquentar e soltar fumaça pela tampa do motor. Só me dei conta, porque fui olhar o que estava acontecendo e me deparei com o radiador sem tampa, só então me lembrei que havia colocado a tampa em uma mureta na garagem do prédio onde moro e havia deixado la! Como se não bastasse, aconteceu novamente de eu ter que colocar água no radiador e me lembrar de todo o transtorno daquele fatídico dia e então abri o radiador, retirei a tampa e falei comigo mesma: "Dessa vez não posso esquecer de fechar! Mas como num passe de mágica, enquanto eu colocava a água no radiador, meu pensamento comecou a viajar e novamente esqueci de fechar a tampa e fui embora.

    Resultado: Dessa vez voltei pra casa guinchada e ainda ouvi do meu marido: "Acho que vou te comprar uma bicicleta!"


    Caminho errado

    Texto por Fabricio S. F.

    Certa vez uma amiga minha convidou a mim e minha esposa para visitá-la. Ela tinha ganhado bebê. No percurso dirigindo meu carro, tomei outra direção. Eu estava indo para um bairro totalmente contrário ao de minha amiga.

    Eu disse assim: "O que estou fazendo aqui? É mulher, você sabe que eu sou maluco e você nem avisa"


    Da uma olhadinha no seu irmão

    Texto por Marcos B. de Carvalho

    Uma vez, quando tinha 6 anos, minha mãe pediu para que eu olhasse meu irmão (que engatinhava na sala). Falei tá e comecei a ler meu gibi do Hulk. Ai lembrei que tinha que pegar meu tênis para lavar e fui pro quarto, onde comecei a desenhar. Então ouvi um choro de criança e lembrei: "Meu irmão!". Saí correndo e vi meu irmão caído. Ele tinha engatinhado e caiu da sala para fora de casa, pois havia uma escada de três degraus que a separava do exterior da casa. Apanhei e minha mãe disse, como sempre dizia, "Retardado, vou te internar!"


    Prova? Que prova?

    Texto por Claudio Yamin

    Tenho muitas histórias (trágicas) para contar (e que não quero me lembrar), mas, deixo uma: estava cursando Economia ou REL, mas fazendo uma matéria de Direito... encontro alguns colegas na biblioteca que me perguntam: "e aí!? Estudou para a prova de amanhã!?" Quase caio de costas no chão de susto!! "Que prova gente!?" Sentindo as pernas bambearem, o estômago apertar e o cérebro afrouxar... sentamos juntos - eles já revisando a matéria - e eu, me condenando a cadeira elétrica, iniciei a leitura e a fazer um resumo! Não deu tempo... chegando em casa, já tarde e derrotado... me deparei com um resumo que já havia preparado para a matéria na semana anterior!! ???? Eu estudara antes (como milhares de vezes prometia a mim mesmo, sem cumprir), mas, esqueci que tinha estudado e preparado até um resumo!! Putz... quem agüenta um TDAH assim!? Eu não agüento... Espero que ajude alguém: você não está sozinho irmão ou irmã! Deus vê o nosso esforço, dor e alegrias! Vá! Ser TDAH ou DDA também é legal! Não sei o porquê! Mas sinto que é!! kkk


    Eu odeio TDAH

    Texto por Gabriel Perez

    Eu odeio TDAH. Esse transtorno é terrível e eu não agüento mais o sofrimento que isso me proporciona pelo fato de ser desligado. No colégio eu era "burro" e "esquecido", era constantemente ofendido por meus companheiros de escola e não tinha crédito com meus pais. Quando reprovei o 1º colegial, meu pai me chamou de pangaré, cavalo perdedor. Com muito custo e com muitas notas baixas, terminei o colégio e só com 18 anos minha mãe resolveu me levar ao psiquiatra e veio o diagnóstico. Nesse meio tempo eu entrei no curso técnico de Segurança do Trabalho e reprovei o segundo módulo. Prestei o vestibular para medicina e não passei. No meu estágio o TDAH estraga aonde pode. Mesmo após quase 2 anos eu não consegui controlar o TDAH e não tenho o apoio de ninguém de família ou amigos. TDAH para os demais é frescura, esse termo já estragou com a minha vida estudantil, está estragando com a profissional e vai continuar estragando. A maior consequência é o desespero, pois você se sente lesado porque não consegue manter um raciocínio lógico, continuar estudos, dirigir, fazer contas, tocar guitarra e etc. O pior é que eu sento para estudar e tento de me concentrar e 5 minutos depois estou olhando para porta e 10 minutos depois estou balançando a perna e isso gera um sofrimento na alma inacreditável.


    Devo, não nego, pago quando lembrar

    Mariana Medeiros Souza

    Sempre soube que tinha TDAH mas nunca acreditei muito no tratamento. Meu irmão também tem, mas se trata. A partir dai comecei a reparar nele e a confiar que pode haver uma melhora. Enfim, decidi ir ao Neurologista e fazer todos os testes. Resultado, TDAH como esperado. Chegando no consultório da médica, fui atendida depois de uma hora e trinta minutos. Era uma consulta particular e estava com o dinheiro separado na bolsa. Fui consultada e fui embora. Ontem, fui ao cinema depois de quase um mes da consulta e deparei com uma certa quantia de dinheiro em um dos meus bolsos e não conseguia me lembrar de nada que tinha que pagar e não teria pago. Depois de dois dias procurando saber de onde tinha saido esse dinheiro, acabei descobrindo nao por mim, claro, que era da consulta da própria Neurologista. Bom, pelo menos posso usar a desculpa que ainda não estava sobre medicação.


    Concurso em Brasília

    Texto por Ana Martha Moreira

    Fui fazer uma prova de concurso em Brasília (moro em São Paulo), toda empolgada, com medo de esquecer algum detalhe, chequei tudo com antecedencia, hotel, horário do voo. De passagem comprada, e hotel reservado e já pago, documentos necessários dentro da bolsa (afinal já perdi prova por ter esquecido a identidade). Olhei no site mil vezes o local da prova, o horário e a data. Ponto para mim, tudo estava correndo bem. Cheguei em Brasilia, um dia antes da prova (para não correr riscos), e fui imprimir o cartão de inscrição, para minha surpresa, tinha esquecido de pagar a inscrição, logo não estava inscrita no bendito concurso. Perdi a prova, claro.

Rua Monte Alegre 47                                                                                      Rua José Félix de Oliveira 615 - Sala 13
Perdizes - Sao Paulo - (11) 96201-4999                                                        (Km 23 Rod. Raposo Tavares) Granja Viana - Cotia - SP

Hosting provided by VlexoFree Hosting